Querida Iara, filha das águas,
Tu e eu, temos o orgulho de sermos filhas das águas. Somos Iaras... Crescemos ouvindo o canto das águas. Quando a vida levou-nos para longe, levamos no mais íntimo do coração e de nossos pensamentos o baile das marés. Carregamos com gratidão a vida, a beleza, simplicidade da nossa gente e nossas raízes com sabor e cheiro de patchulim, cupuaçu, açaí e mandioca.
Logo conhecemos a estiagem, a intempérie, e descobrimos que o barulho interior e exterior que vivemos não se parece com o rumor saltitante das águas serpenteantes dos rios.
Recorda... fizemos coisas belas na vida... trabalhamos... brigamos... choramos... partilhamos... perdoamos... rezamos e muitas vezes confidenciamos que a abundância de nossas águas e tradições já não saciava aquela sede de vida eterna que reside nas profundidades do coração.
Senti a necessidade de partilhar contigo gotas de pensamentos que insinuam e ensinam, no meio das turbulências da vida, o caminho de um coração que se abre aos movimentos sutis do Espírito e discerne, no meio das turbulências da vida, em que direção sopra o vento da ação criadora de Deus, o único capaz de saciar nossa sede de vida eterna.
Dedico a você, algumas gotas de água-pensamentos para aliviar sua sede no caminho íngreme e vital ao interior do coração.