O gênio feminino na Igreja

Nas últimas décadas, verifica-se um crescente empenho no resgate da memória feminina até então marginal na historiografia, especialmente na historiografia católica. A abundância de diversos tipos de fontes sobre vida religiosa feminina cristã, até então pouco exploradas, estimulou o interesse de históricas/históricos fora do âmbito eclesial, a aprofundar o significado da experiência histórico-espiritual de tantas mulheres consagradas, cultas e analfabetas, no interior de um amplo quadro cultural-religioso e mental.O papa emérito Bento XVI, entre 2010-2011, dedicou dezesseis catequeses sobre iluminantes figuras femininas — como  Ildegarda de Bingen, Catarina de Sena, Clara de Assis, Brígida de Suécia, Ângela da Foligno, Margarida de Oingt, Juliana de Norwich, Matilde de Hackeborn, Gertrude a Grande, Elisabete de Hungria, Juliana de Cornillon, Veronica Giuliani, Caterina de Bologna, Caterina de Genova, Joana d’Arc — empenhadas em responder as exigências prementes na vida da Igreja e da sociedade medieval e moderna. Em sintonia com João Paulo II (Mulieres Dignitatem), o papa deu destaque ao gênio feminino pela profundidade das suas experiências e influência na construção da tradição cristã.

De fato, o Cristianismo desde as origens, reconheceu a igualdade espiritual entre mulheres e homens, e permitiu, pela primeira vez na história, que as mulheres escolhessem a virgindade, dedicando-se completamente à vida religiosa. O florescimento de uma tradição religiosa feminina, em suas mais variadas expressões e nos diversos contextos histórico-culturais, ofereceu modelos femininos credíveis e criativos que contribuíram no curso dos séculos a um processo de amadurecimento da comunidade cristã.

Teresa de Ávila é uma dessas figuras iluminantes que viveu em uma época caracterizada por grandes transformações politicas, econômicas, sociais e religiosas. Ela soube ler o seu tempo e deu, desde uma profunda experiência religiosa, as respostas possíveis aos desafios de sua época. Teresa nos convida a um esforço de inteligência, de lucidez e de vontade para compreender uma mulher que rejeita a mediocridade, não se fecha no esquema mental da dinâmica sociedade do seu tempo e funda novas possibilidades que metem a fruto os talentos femininos à serviço dos demais, à serviço da vida.

 

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